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Por Raimundo Borges
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE), autorizada pelo presidente Lula depois de aprovada pela Assembleia Legislativa, passou a ser prioridade total do governo Carlos Brandão, que espera vê-la instalada em Bacabeira, município vizinho de São Luís, ainda em sua gestão. Porém, atrás do projeto da ZPE tem toda uma história política, econômica e social de fracassos retumbantes na mesma área. Agora, todos as desilusões do passado poderão trazer uma virada de jogo econômico, tão aguardada no Maranhão para retirá-lo da condição de Estado dono dos piores indicadores de desenvolvimento humano do Brasil.
No governo José Reinaldo (2002-2006), um projeto da Refinaria da Petrobras em Bacabeira ainda chegou a ter um prédio de seis andares construído no meio do mato, que hoje permanece inacabado, como abrigo de morcegos. A Petrobrás cancelou o projeto do que seria a maior refinaria de petróleo da América Latina e acabou num prejuízo de R$ 2 bilhões. O caso chegou a ser citado no relatório da CPI da Petrobras na Câmara, em outubro de 2015. Antes, em 2007, outro projeto de transformar Bacabeira num polo industrial siderúrgico dos maiores do Brasil, entrou no radar dos atentos investidores, inclusive da China.
No Maranhão e no Brasil não se falava em outra coisa, inclusive os lobistas que trabalhavam para inviabilizar os investimentos. Dois grandes projetos entraram na agenda do governo estadual, na expectativa da população maranhense e até nas universidades para formar mão de obra. Um deles era da recém-criada Companhia Siderúrgica do Mearim avaliada em US$ 5 bilhões, uma usina de até 10 milhões de toneladas de placas, chapas e bobinas de aço. O outro mais antigo era uma parceria da Companhia Vale do Rio Doce com a chinesa Baosteel, orçado em outros US$ 5 bilhões. Teria capacidade inicial de 7 milhões de toneladas anuais de placas, podendo chegar a 10 milhões.
Os mesmo argumentos daqueles anos de euforia popular e recursos desperdiçados, são adotados agora como ponto de partida para atrair investidores, quando o assunto é ZPE ao lado da Ilha de São Luís: a posição estratégica e geográfica do Maranhão, dono do Porto do Itaqui, um dos mais profundos do mundo e a proximidade dos principais centros consumidores de aço: Estados Unidos, China e Europa. Como o Maranhão nunca teve sequer uma fábrica de parafusos, tudo que saísse de Bacabeira seria para alimentar a fome da indústria mundial de todos tipos de equipamentos e tecnologia em ferro e aço.
Com isso o Maranhão estava apenas começando sua trajetória histórica de desenvolvimento industrial. Na época, já existiam no Estado sete companhias do setor, todas voltadas para a exportação, mas nenhuma produzia aço e sim ferro gusa. O projeto Refinaria Premium I, da Petrobras, foi lançado em 2010, pelo então presidente Lula e a chefe da Casa Civil na época, Dilma Rousseff. A promessa era de que a fábrica entraria em funcionamento em 2015. Agora, em agosto passado, o mesmo presidente Lula assinou decreto que cria a ZPE de Bacabeira, um novo projeto que pode ser a redenção do Maranhão.
Segundo reportagem de O Imparcial com base em dados do governo federal, a ZPE tem potencial para atrair projetos industriais já mapeados que somarão R$ 15 bilhões em investimentos e a criação de mais de 20 mil empregos diretos e indiretos na região. O primeiro projeto já foi apresentado, prevê a instalação de uma refinaria modular de combustível, com potencial de produção de querosene sustentável para aviação (SAF na sigla em inglês) para exportação. Agora só nos resta cruzar os dedos e torcer para que a ZPE de Bacabeira, realmente venha a cumprir com os objetivos de trazer o tão esperado desenvolvimento do Maranhão, estado que atravessa 2024 apontando um cenário bastante promissor.
Fonte: O Imparcial | Foto: Divulgação
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