Tempo de leitura: 4 minutos
Por Flávio Paradella | 16.06.2023
A visita da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Brasil trouxe notícias promissoras para o desenvolvimento do hidrogênio verde. A União Europeia anunciou um investimento de até 2 bilhões de euros (aproximadamente R$ 10,5 bilhões) em parcerias com foco na eficiência energética da indústria, por meio do uso do hidrogênio verde. Esse anúncio ocorreu após um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, evidenciando o compromisso da União Europeia em impulsionar a transição para fontes de energia limpa e sustentável, bem como fortalecer as relações com o Brasil.
O hidrogênio verde, produzido por meio do processo de eletrólise da água utilizando fontes de energia renovável, é considerado um combustível promissor para o futuro. Com sua matriz energética limpa e diversificada, o Brasil possui um potencial significativo para se tornar um líder mundial na produção de hidrogênio verde. Essa perspectiva abre caminhos para o crescimento econômico e sustentável do país.
Um exemplo concreto desse potencial é o projeto do Hub de Hidrogênio Verde (H2V) no estado do Ceará. Recentemente anunciado pelo governo cearense, o hub será implantado no Complexo do Pecém e tem como objetivo o desenvolvimento e a utilização de energias renováveis. Até o momento, o estado já assinou 30 memorandos de entendimento com empresas interessadas na produção de hidrogênio verde. Dentre elas, três empresas – Fortescue, Casa dos Ventos e AES – avançaram para pré-contratos e já reservaram áreas na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará. Estima-se que o investimento total desses projetos alcance a marca de US$ 8 bilhões.
As ZPEs desempenham um papel fundamental nesse contexto. Essas áreas especiais, dotadas de incentivos fiscais e administrativos, têm como objetivo atrair investimentos estrangeiros voltados para exportações e promover o desenvolvimento econômico e regional. Com o novo marco legal das ZPEs, alinhado à Lei 14.184/2021, o Brasil se posiciona em sintonia com mais de 150 países que já adotaram esse instrumento como parte essencial de suas estratégias de desenvolvimento.
As ZPEs proporcionam vantagens competitivas para as empresas que nelas se instalam, como a suspensão de tributos, a liberdade cambial e a simplificação de procedimentos administrativos. Ao permitir a produção de hidrogênio verde nas ZPEs, o Brasil fortalece sua posição no mercado internacional, coloca as empresas nacionais em igualdade de condições com seus concorrentes globais e aumenta o valor agregado das exportações.
Além disso, as ZPEs têm um impacto direto na geração de emprego e renda. Com a instalação de empresas e projetos relacionados ao hidrogênio verde, surgem oportunidades de trabalho em diversas áreas, desde a produção e operação das usinas de hidrogênio até a cadeia logística e de distribuição. Essa expansão econômica impulsiona o desenvolvimento regional e corrige desequilíbrios, promovendo um crescimento mais equitativo em todo o país.
A aposta no hidrogênio verde e nas ZPEs como impulsionadores do desenvolvimento econômico e sustentável é uma estratégia alinhada aos objetivos globais de combate às mudanças climáticas e à transição para uma economia de baixo carbono. O Brasil, com seu vasto potencial energético e a perspectiva de liderar a produção de hidrogênio verde, está mais bem posicionado para se beneficiar dessas oportunidades. As ZPEs desempenham um papel crucial nesse cenário, proporcionando um ambiente propício para investimentos, inovação e geração de emprego e renda.
Nesse contexto, é essencial que o país continue a incentivar o desenvolvimento das ZPEs e a colaboração com parceiros internacionais, como a União Europeia, para impulsionar o setor de hidrogênio verde. Essa é uma oportunidade única para o Brasil consolidar sua posição como líder na transição para uma economia sustentável, garantindo um futuro próspero e ambientalmente responsável para as próximas gerações.
Foto: Divulgação/EDP
–
Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Atualmente é o apresentador e produtor do FPX Cast, canal de entrevistas na região de Campinas. Além disso, Paradella é colunista político do Portal Sampi Campinas. Flávio Paradella consolidou sua carreira ao longo dos 17 anos que atuou pela Rádio CBN de Campinas.
Os comentários foram encerrados, mas trackbacks e pingbacks estão abertos.