Investimento no Complexo do Pecém eleva PIB de São Gonçalo e ajuda a descentralizar economia no Ceará

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Os investimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) já estão transformando a economia do Estado e dos municípios próximos à sede.Um novo estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará(Ipece) apontou que o Produto Interno Bruto(PIB) de São Gonçalo do Amarante, por exemplo, teve um crescimento substancial e ajudou a descentralizar a geração de riqueza no Ceará e no Região Metropolitana de Fortaleza(RMF).

De acordo com o levantamento do Ipece, o PIB de Fortaleza, em 2002 (R$ 13,413 bilhões), representava um volume 178 vezes maior em relação ao de São Gonçalo do Amarante (R$ 75,468 milhões). Já em 2019, essa proporção passou a sr de apenas 17 vezes, com Fortaleza registrando um PIB de R$ 67 bilhões, enquanto São Gonçalo ficando com R$ 3,759 bilhões.

Essa movimentação indica que a participação de São Gonçalo no PIB da RMF passou de apenas 0,26% do total, apontada como 13ª cidade mais rica da região em 2002, para 2,3% em 2019 e garantindo 4ª no ranking das cidades que mais geram riquezas em 2019. São Gonçalo, na RMF, fica atrás apenas de Fortaleza (1ª), Maracanaú (2ª), e Caucaia (3ª). Além disso, o analista de políticas públicas do Ipece, Alexsandre Cavalcante destacou que com esse fluxo na economia estadual, Fortaleza, em cerca de 18 anos, perdeu 5% na participação do PIB do Ceará. 

Outro ponto importante revelado pelo estudo do Ipece é que São Gonçalo do Amarante teve uma das maiores evoluções de PIB per capta (riquezas geradas dividas pelo número da população) da RMF entre 2002 e 2019. Se há cerca de 20 anos, o município tinha apenas o 14º maior PIB per capta da RMF, em 2019 ele passou a ocupar a 1ª posição do ranking, com R$ 77 milhões. Apesar de ter um PIB maior, no dado geral, Fortaleza ocupa apenas o 5º maior PIB per capta da RMF, com R$ 25,254 milhões. 

Alexsandre também ressaltou a importância dos investimentos feitos no Complexo do Pecém para atualizar a estrutura econômica do Ceará, há muitos anos focada em comércio, serviços e administração pública. Segundo dados do Ipece, 76% do PIB do Ceará é composto por esse setor, mas os aportes e resultados registrados no Pecém podem ajudar a atrair novas indústrias e aprimorar outros segmentos, como a indústria. 

O analista de políticas públicas destacou os resultados apresentados pela Companhia Siderúrgica do Pecém(CSP), que tem ajudado a elevar a participação da indústria no PIB cearense e melhorar os indicadores da balança comercial do Estado. “O que mais interessa é a mudança na estrutura econômica do Estado. São Gonçalo é um fenômeno de crescimento. Graças aos investimentos, empresas foram atraídas para o Cipp e isso provocou um forte crescimento na região então foi muito positivo, apesar disso não ter gerado uma atração de pessoas ainda, mas isso leva tempo”, disse

“O importante é ter uma economia mais diversa, 76% da nossa economia é comércio, serviços e administração pública. É importante crescer em qualquer setor, e a bola da vez é o hidrogênio verde, e isso vai fazer com que a arrecadação cresça. A indústria vem perdendo grande participação no PIB estadual, porque os serviços crescem muito rápido, mas temos que investir em indústria porque ela gera valor, gerando produtos para o comércio e produtos de maior valor agregado”, completou. 

De acordo com Cavalcante, o Estado vem sendo capaz de atrair novos investimento para o Cipp por conta das questões logísticas e do modelo de negócios sendo implementado no empreendimento. A localização geográfica vem sendo apontada por muitas empresas que têm confirmado acordos de entendimento com o Governo do Estado para investir em plantas de hidrogênio verde por conta da proximidade com outros mercados, já que o foco deverá ser exportação.

Mas Cavalcante destacou que a estratégia de investimento no Complexo também foi importante para gerar um ambiente de atração de empresas, considerando até a proximidade com Zona de Processamento de Exportação (ZPE). “A questão da logística é importantíssima, mas a região do Cipp também se torna atrativa pela ZPE, que é uma atração por redução de carga tributária, mesmo tendo havido um certo atraso por conta da pandemia. Fomos chamados para fazer um estudo de impacto e isso atrasou a decisão de investimentos, mas isso deve mudar. Ainda precisamos de muita requalificação”, disse.

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