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A validação da Port of Rotterdam, administradora do Porto de Roterdã (Holanda), para a administração conjunta do Complexo Industrial do Porto do Pecém (Cipp) com o Governo do Estado amplia as chances de o Ceará atrair mais investimentos internacionais, não somente na área portuária, mas no segmento de infraestrutura e da instalação de novas indústrias na região entre São Gonçalo do Amarante e Caucaia, onde está instalado o Cipp.
“Se concretizarmos a refinaria e o polo petroquímico no Cipp, a capacidade de investimentos para a área deve aumentar de maneira exponencial”, explica o economista Alcântara Macêdo. A região do entorno também pode entrar na mira de projetos imobiliários. “O metro quadrado perto do porto de Santos custa US$ 1 mil. Aqui se vende por quase R$ 50. Esse valor de comercialização tende a subir à medida em que mais grupos e empresas enxergam oportunidades de negócios”.
Na área portuária, novas companhias internacionais trarão emprego e renda para o Estado. A medida prejudicaria empresários locais. “A política de preservação do empresário local é salutar. Mas não podemos atrasar nosso desenvolvimento, sacrificando a possibilidade de gerarmos mais postos de trabalho e termos tecnologia de ponta”, afirma.
No entanto, Alcântara questiona o valor de 75 milhões de euros (R$ 365 milhões) em investimentos no Cipp e a concentração de 30% das ações do Complexo para a Port of Rotterdam. “(O Pecém) é um dos principais portos do mundo. Está bem localizado, possui proximidade com o Golfo do México e o Canal do Panamá e ficamos próximos da Ásia. Se trata de um equipamento de primeira linha que é negociado por um valor insignificante, considerando que o Estado já investiu bilhões com dinheiro do contribuinte”.
A indústria também comemora a parceria. De acordo com Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN), haverá maior facilitação do comércio com a chegada do investidor internacional, que terá controle conjunto de decisões estratégicas e posições na Diretoria Executiva, Conselho Fiscal e nível gerencial do Cipp.
“Nos deparamos com algumas dificuldades no processo de exportação e importação, como processos mais lentos e burocracia. Essa parceria leva a crer em relações mais hábeis”, afirma. “O complexo não funciona nos fins de semana e nem opera 24 horas. Como se trata de um dos maiores terminais do mundo (Roterdã), ocorrerá uma nova dinâmica, além de alavancar a movimentação de cargas do Ceará para fora”, complementa.
No comércio, pode haver benefícios. “Nas relações comerciais entre Ceará e Holanda, a nossa exportação é basicamente de frutas (incluindo a castanha de caju), tecidos e calçados. Com a facilitação do comércio proporcionada através do hub portuário, a ideia é ter preços competitivos para alavancar a indústria”, destaca.
Em comunicado, a Por of Rotterdam afirma: “espera-se que a Autoridade do Porto de Roterdã e o Estado do Ceará assinem a decisão no próximo mês”. Allard Castelein, CEO da Port of Rotterdam acrescenta: “Nossa participação no porto brasileiro do Pecém é promissora para todas as partes. Temos trabalhado como assessores do Pecém há vários anos”
“Trata-se de um grande operador de logística portuária e industrial, com a atração de novos projetos e investimentos. Isso abre possibilidade de novas linhas, novas oportunidades com a ZPE (Zona de Processamento de Exportação do Ceará)”, diz César Ribeiro, titular da Secretaria do Desenvolvimento do Estado. “O equipamento que movimenta hoje 15 milhões de toneladas vai, no futuro, atingir 30 milhões de toneladas, será benéfico para toda a cadeia produtiva”, explica o secretário.
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